Fundadora do Instituto Beatíssima Virgem Maria (atual Congregação de Jesus), Mary Ward viveu há mais de 400 anos. Com uma vida marcada por perseguições religiosas em seu país, a Inglaterra, deixou sua terra natal ainda muito jovem a fim de poder concretizar seu ideal de vida religiosa e sua nova missão.

Na Bélgica, fundou um Instituto avançado para seu tempo. Sabia que Deus a conduzia por caminhos novos, diferentes daqueles vividos pela vida religiosa de então. Mas o que é a vida religiosa, caminho perseguido por Mary Ward e suas seguidoras? É fazer experiências de Deus na vida, viver em comunidade, viver em função de uma missão.

Com um grupo de fiéis companheiras, Mary Ward deu início a um novo tipo de vida consagrada na Igreja. Ela foi a pioneira das congregações femininas a exercer uma missão apostólica junto ao povo. Todas as demais congregações eram enclausuradas, com vida contemplativa. Naturalmente, este foi um grande desafio para a Igreja da época.

Mulher de profundas convicções interiores, estabeleceu o seu programa de vida: buscar sempre a vontade de Deus, seguir Jesus Cristo e estar com a Igreja no serviço aos irmãos, principalmente aos mais necessitados. Em sua missão, orientada para a maior glória de Deus, promoveu a mulher, proporcionando-lhe uma formação adequada com direito a participação na sociedade e na Igreja. A propósito disso, deixou-nos um sábio ensinamento:

“Espero que também para o futuro poder-se-á constatar que as mulheres realizarão algo de grande”.

Educadora da fé, preocupou-se com a formação da juventude e das crianças. Assistiu aos doentes, amou os pobres, sempre atenta a qualquer outra necessidade do próximo. Com o projeto de inovação, encontrou vários obstáculos levando sua obra, que crescia muito, à supressão, mesmo estando já implantada em vários países da Europa.

Mary Ward, mulher de profunda fé e espírito de oração, mulher que não perdeu a esperança, continuou sua luta dirigindo-se ao Papa para resgatar seu projeto, pois sabia ser obra de Deus. Mais de 200 anos se passaram e o seu Instituto ressurgiu do nada em que estava submerso.

“Se o grão de trigo não morrer na terra, não produzirá frutos”, diz Jesus. Por isso, Mary Ward, convicta da verdade de sua missão, nos dizia também: “Quanto mais o alicerce de uma obra está fundamentado em Deus, tanto melhor é a sua segurança”.

Mary Ward morreu com 60 anos de idade, sem ver a esperada aprovação do seu Instituto, que foi reconhecido muito depois por autoridades que perceberam a sua grande verdade e fidelidade ao apelo de Deus.

Deixou inúmeras lições de vida para suas companheiras, colaboradores e colaboradoras de sua missão, e também àqueles que se sentem atraídos em percorrer um caminho, vivido na verdade, na liberdade, na justiça, na doação e no desafio do novo. Fazemos parte de uma grande família, a família Mary Ward.

Fazendo uso da simbologia, Mary Ward utilizou o fogo para expressar sua grande convicção de espírito apostólico. Dizia: “O amor de Deus é como o fogo que não se deixa encerrar, pois é impossível amar a Deus e não divulgar sua glória”. A chama do fogo que palpitou foi sinal e manteve a vida, o calor produziu energia e aqueceu. Onde falta luz, a vida corre perigo. Mary Ward acreditou e amou a grande luz, Cristo, sol da justiça e, a propósito disso, revelou-nos seus escritos: “tenho sempre amado a Luz”.

Seguir Jesus Cristo implica comungar de seu sofrimento, passar pelo caminho da cruz. Não foi diferente na vida de Mary Ward. “Viveu sob o estandarte da Cruz”, a cruz acompanhou seus passos tão cedo percebeu e assumiu sua missão. “Quem quiser servir a Deus segundo seu estado deve necessariamente amar a cruz e estar pronto a sofrer muito por amor a Cristo”, nos dizia ela. Para os cristãos, a cruz é entendida como o sinal supremo do amor. É sinal de vitória sobre o mal e a morte. Assim, a cruz tornou-se sinal de vida, coragem e resistência em toda a vida e missão de Mary Ward.

Mulher de personalidade firme, de fidelidade a toda prova, soube valorizar a amizade e cultivar o valor das boas relações: “Uma vez amigos, disse Mary Ward, amigos para sempre”. Mulher peregrina, com vistas no futuro, forte, corajosa e santa, reconhecida, admirada e seguida por quem a conhece, temida e perigosa por aqueles que não conseguiram compreender e captar a profundidade e o alcance de seu projeto de vida.

Durante toda sua vida viveu na verdade, na justiça, em defesa da fé e da liberdade, buscando a vontade de Deus e o melhor serviço aos irmãos.

As mudanças rápidas, o acúmulo de fatos, as sucessivas informações não resistem à memória dos tempos, mas a Palavra de Deus e o bem realizado permanecem para sempre. O Papa Pio XII, referindo-se a Mary Ward, se expressou dizendo: “Convém lembrarmos de uma grande figura da história católica: Mary Ward, essa mulher incomparável que nas horas mais negras e sangrentas, a Inglaterra deu à Igreja.”

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